Para viver cada vez melhor na Vila

Barraco Filosófico

Para o título deste programa, a palavra barraco derivou de uma adaptação da palavra tenda. A tenda – o barraco – pode ser armada e desarmada em lugares e pessoas diferentes, formando – dando forma – a sentidos e significados diversos que podemos perceber e sobre os quais podemos pensar conceitualmente, daí filosófico. O barraco filosófico nasceu como intervenção de conversas filosóficas em espaços públicos. Depois fomos para a Rádio Madalena, onde desenvolvemos vários projetos, inclusive entrevistas que chamamos “armando barraco com convidados”.
Atual grupo de barraqueiros: Fernanda Carlos Borges (coordenadora), Alécio Souza, Anders Vaerge, Apolo França, Cesar Silva, Fabiano Torres, Nina Veiga, Paula Fehper, Renata Oliveira, Sandra Barbosa, Tatiana Biancconcini.

A FILOSOFIA NA QUEBRADA – BARRACO COM FABIANO RAMOS
Fabiano é doutor em filosofia pela USP e sua tese tratou do conceito, criado por ele, de transperiferia. Aqui no grupo do barraco filosófico, já falamos que a palavra “quebrada” deveria ser alçada a conceito filosófico. Pois foi isso que o Fabiano fez e vem aqui armar um barraco com a gente sobre a filosofia nas quebradas.
O pensamento transperiférico tem por objetivo estudar as diferentes experiências de educação em periferias, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, considerando os aspectos teóricos e práticos envolvidos neste processo , realizadas no âmbito escolar bem como em outras instituições não escolares, como os cursinhos populares, os slams de poesia, batalhas de rap, saraus, teatro, ocupações culturais, grêmios estudantis, entre outras.O conceito de pensamento transperiférico é o pensamento que se realiza na travessia dos saberes periféricos e sobre a periferia, os liminares epistemológicos de quebrada, isto é, a emergência e a formação de saberes provenientes dos extratos periféricos, a formação do sujeito periférico e suas possíveis interfaces com a educação, articulando a filosofia francesa contemporânea, com destaque para pensadores como Gilles Deleuze e Félix Guattari, Michel Foucault e J.F. Lyotard, bem como o pensamento decolonial e a antropofagia.

Para mais informações entre em contato com:

Prof. Dr. Fabiano Ramos Torres.
CCNH – Centro de Ciências Naturais e Humanas – licenciatura em Filosofia
Mestrado Profissional em Filosofia

14 out 2021

RESISTÊNCIA E POESIA – BARRACO COM MAURÍCIO SIMONATO
Neste, que é o seu terceiro livro de poesias, Simionato não se propõe a descrever a literalidade dos fatos, tampouco oferece receitas dogmáticas para conter o avanço da crise generalizada. Seus poemas, como lâminas que nos cortam a carne e nos alertam de que algo está fora de ordem, são sensoriais, sugestivos, e que caminham na fronteira entre a liberdade e a revolta – “liberdade para a revolta contra o que ofende a liberdade, poesialiberdaderevolta, tudo num gesto só. Num soco”, como bem definiu Tarso de Melo, também poeta e ensaísta, doutor em Filosofia do Direito pela USP.
27 out 2021

POESIA COMO EXPERIÊNCIA – BARRACO COM LEO GONÇALVES
Nesta edição do Barraco Filosófico, conversamos com Leo Gonçalves, poeta poderoso capaz de nos colocar no coração das questões da poesia como experiência.

05 nov 2021

INVEJA EM SHAKESPEARE- barraco com Ronaldo Marin – PARTE 01
Convidamos o Ronaldo Marin para vir armar um barraco filosófico sobre Inveja em Shakespeare, entrando também na relação entre inveja e política, tão presente nas peças. Ronaldo é doutor em artes pela UNICAMP com tese sobre Shakespeare e é diretor do Instituto Shakespeare Brasil. Também é físico e estudioso de neuropsicologia.

INVEJA EM SHAKESPEARE- barraco com Ronaldo Marin – PARTE 02
Convidamos o Ronaldo Marin para vir armar um barraco filosófico sobre Inveja em Shakespeare, entrando também na relação entre inveja e política, tão presente nas peças. Ronaldo é doutor em artes pela UNICAMP com tese sobre Shakespeare e é diretor do Instituto Shakespeare Brasil. Também é físico e estudioso de neuropsicologia.

O CUIDADO DE SI – BARRACO COM CADU RIBEIRO
Cadu é dançarino e professor na faculdade de filosofia da UFABC. Vem armar um barraco com a gente sobre o conceito de Cuidado de Si, do modo como foi trabalhado pelo filósofo francês Michel Foucault. Cuidado de si em Foucault, um elogio ao individualismo? O cuidado de si em Foucault caracteriza, na história da ética antiga, um modo se subjetivação, mas é também uma grade histórica importante para pensarmos o estatuto do indivíduo na modernidade. Que tal armarmos um barraco para entendermos que cuidar de si não é cuidar de mim?
05 outubro 2021

O COVEIRO FILÓSOFO – barraco com Osmair Cândido
Desde muito jovem Osmair Cândido é interessado em filosofia. Quando trabalhava como coveiro no cemitério da Penha e como faxineiro na Universidade Presbiteriana Mackenzie formou-se na graduação em Filosofia. Osmair continua a trabalhar como coveiro e como professor de Ética na Associação Nacional de Necrópsia. Vive o contato direto com a “morte seca” – como ele diz – nestes tempos de pandemia. Tem muito a dizer não apenas sobre os fatos, mas sobre o pensamento sobre os fatos. Não só a filosofia ajuda Osmair a lidar com a vida e a morte, Osmair também ajuda a filosofia a estar nas ruas, fora dos gabinetes eruditos. No livro que está escrevendo ele diz: “Perpendicular a esta parede que surge está outra, amparando os mortos que empilhei ainda agora. Com profundo pesar sentei-me à margem de tudo, à beira do mundo, onde até Deus termina”. Venha conversar com ele pelo chat do nosso barraco filosófico.

BARRACO COM RONALDO MARIN – NEGACIONISMO CIENTÍFICO

Ronaldo Marin é físico, ator e diretor teatral. Diretor do Instituto Shakespeare Brasil e do Núcleo de Pesquisas Teatrais e Formação de Atores do Cena IV Shakespeare Cia.
Doutor em Artes pela Unicamp, estudou Drama na University of Glasgow e Neuropsicologia pela Faculdade de Ciências Médicas-Unicamp. Estuda a obra de Shakespeare e suas adaptações para a linguagem cinematográfica e a história das descobertas científicas no período renascentista e moderno e suas influências na literatura e na arte. Já dirigiu mais de 40 peças e vem conversar com a gente sobre NEGACIONISMO CIENTÍFICO com base no seu recente livro “Os avanços da ciência poderiam acabar com a filosofia?”

NEURODIVERSIDADE – BARRACO COM JOICE ROCHA
Joice Rocha descobriu que era autista quando já estava na faculdade de comunicação. Essa descoberta trouxe uma nova compreensão de si e, desde então, Joice se envolveu com a militância sobre a importância de as empresas compreenderem que podem contratar pessoas que estão fora dos padrões neurológicos habituais. Hoje, trabalhando como designer, tornou-se uma militante da neurodiversidade no mercado de trabalho. Saiba mais sobre neurodiversidade nesse barraco filosófico com Joice Rocha.

DEIXAR DE SER LACRADOR – 7a PARTE DO BARRACO COM JACQUELINE MUNIZ
Por Alécio Pereira de Souza
“Tá na hora de parar de ser lacrador e voltar a fazer política”. Jacqueline Muniz registra a memória de seu trajeto acadêmico, político e docente. “Eu quero que todo mundo tenha um volume na coleção Os Pensadores”. A professora foi alvo de ameaças de morte e, por isso, fez análise. “Eu sou uma comunista que reza, que acredita em orixás”. “Eu me levo a sério até a página cinco”. “Entregue a si mesmo, o sujeito torna-se empresário de sua miséria”. “Todo leviatã tem prazo de validade”. “O fascismo não surgiu de um dia para o outro. O partido fascista era um partido popular”. “Direitos humanos para humanos direitos”. Mas, pergunta, quem tem a régua e quais são os critérios? “Falar de segurança é falar de mobilidade socioespacial, redução da desigualdade social”. A conversa com Jacqueline Muniz é um show de exuberância. Uma overdose de ironias, metáforas, reflexões filosóficas e antropossociológicas.

PRECISO ABRIR A MINHA BOCA – ÚLTIMA PARTE DA SÉRIE COM JACQUELINE MUNIZ
Por Alécio Pereira de Souza
Jacqueline Muniz fala sobre movimentos… e (se) movimenta. Este, que é o Barraco Filosófico mais longo de todos os tempos, chega ao fim, porém não acaba. Porque a palavra de Jacqueline Muniz é inesgotável e incansável. Mais de quatro horas ininterruptas de conversa sobre sociedade, segurança pública, poder de polícia, controles, hierarquias, accountability. Uma temática tormentosa e negligenciada, todavia abordada com a profundidade, a acuidade, a leveza e o rigor jamais vistos nos meios de mídia. Jacqueline Muniz é a palavra que se faz mulher para estar entre nós. Generosidade, teu nome é Jacqueline Muniz. Gratidão define. Segue a saga.

CIBERATIVISMO – BARRACO COM HENRIQUE ANTOUN
Barraco filosófico ao vivo com Henrique Antoun, professor titular da UFRJ, realizou doutorado sanduíche em Sociologia da Comunicação pela Universite de Paris V (Renée Descartes) (1992) e pós-doutorado no McLuhan Program in Culture and Technology da Universidade de Toronto (2006). Atua principalmente nos temas: cibercultura, comunicação, politica e ética. Autor dos livros – A internet e a rua: Ciberativismo e mobilização nas redes sociais; Web 2.0. Participação e Vigilância na Era da Comunicação, entre outros. – 15 jul 2021

BARRACO COM JAQUELINE MUNIZ 4a PARTE
Por Alécio Pereira de Souza
Acompanhem Jacqueline Muniz. Neste trecho barraqueiro, a antropóloga fluminense maravilhosa, cuja fala é oceânica, porém não pacífica, impossível condensar em cento e quarenta caracteres, explicita que o dever-ser jurídico não é o devir da existência, porque se trata de dever-ser medularmente normativo, prescritivo e excludente. A vida nua, precarizada, uberizada, destituída de direitos, morre de bala endereçada ou coronavírus. Vinte e oito no Jacarezinho, mais de quinhentos e 20 mil no Brasil. Respectivamente. 09 julho 2021

BARRACO COM JAQUELINE MUNIZ – 5a PARTE
EU PARALIZO O BOLSONARO COM 700 PALAVRAS POR MINUTO
Por Alécio Pereira de Souza
Jacqueline Muniz movimenta um arsenal argumentativo altamente acurado e preciso. Dando continuidade à conversa, a professora fluminense mira as cloroquinagens em segurança pública. Bolsonaro não nos criou. Nós o criamos. Bolsonaro é sintoma de um problema que vem de antes. A autonomização do poder de polícia resulta em sua ação predatória sobre a sociedade. Desde a redemocratização, os sucessivos governos, à direita e à esquerda, brincaram de GLO (garantia da lei e da ordem). O “fazismo” (a espada faz, autonomizada da mão que a empunha, a qual age autonomizada em relação ao pensamento) redunda no fascismo da esquina e sua feição visível, a síndrome dos pequenos poderes

NÓS PERDEMOS PARA OS MEMES
Por Alécio Pereira de Souza
Jacqueline Muniz fuzila a preguiça e a afetação intelectual. Repudia a substituição do tirano autoritário pelo cientista positivista. Temos dificuldade de lidar com a autoridade, que tem a ver com mecanismos desiguais hierárquicos naturalizados. Uma teoria, quanto mais refutada, mais científica ela fica. Aqui, direita e esquerda têm um raciocínio cristão, colonizado. No Brasil, há uma mania de estreia, como se não houvesse História e reflexão precedente. Confinado à sua própria existencialidade, tomando a si próprio como unidade de medida, projetando a sua individualidade como universal, não há mais mediações. Tudo à flor da pele. Sustos. Surtos de autoridade. Soluços operacionais. Quanto mais insegurança, o sentimento comum vai sendo substituído pelo pensamento unitário, excludente. Redenção ou extermínio. A disjuntiva que define o lado de cá da linha do equador.

BARRACO COM JACQUELINE MUNIZ: ESCASSEZ DE FUTURO (parte 1)
Descrição
Por Alécio Pereira Souza
Armamos este Barraco Filosófico com Jacqueline Muniz, antropóloga, especialista em segurança pública e professora da Universidade Federal Fluminense. O sangue ainda quente no chão do Jacarezinho reclama uma reflexão, que vem de antes do massacre em pauta, sobre a exceptis enquanto norma da ação da força policial nas periferias da periferia do kapital, a regra como recorrência à exceção. Gravamos mais de quatro horas de conversa profícua e profunda, sem concessões ao banal, cuja primeira parte ora oferecemos ao público, sob a consigna ESCASSEZ DE FUTURO. “Pode-se gastar sozinho a fartura do miserê material e existencial para se segurar no aqui-agora frente a certeza da escassez de futuro no daqui a pouco”, dispara nossa convidada. Com efeito, o amanhã é uma commodity escassa no mercado. Com vocês, Jacqueline Muniz em 1a parte. (17 jun 2021)

PLANTA AÉREA PSICOLOGIZANTE – BARRACO COM JACQUELINE MUNIZ (PARTE II)
Por Alécio Pereira de Souza
Sigam o fio da reflexão. Agora, sob o título PLANTA AÉREA PSICOLOGIZANTE. Os portadores de verdades planas e autorreferentes, visceralmente cruéis, miram o outro, para destituí-lo de humanidade. Produz-se insegurança (pública) para vender proteção (privada). A máquina do medo mói o sentido de pertencer e transforma cada um em mônada. Indivíduos, doravante estrangeiros em sua própria terra, são constantemente instados a oferecer quotas sacrificiais nos altares dos senhores da guerra, mercadores da proteção e profetas do caos. Empresários de si. Acompanhe a segunda parte desta saga mais-que-barraqueira, armada com a inefável Jacqueline Muniz. Sabemos que, no princípio era o verbo, e o verbo era Mulher. Com vocês, o verbo feito carne e vida de doutora Jacqueline Muniz.
24 JUN 2021

POBRE ESFORÇADO, CLASSE MÉDIA PREPARADA

Por Alécio Pereira de Souza
Jacqueline Muniz analisa a concepção autoritária subjacente à política de pacificação das favelas. A ausência de políticas integradas, a confusão conceptual entre paz social e paz civil, a verdade construída como discurso destituinte da humanidade do outro são fatores do fracasso das políticas pacificadoras. O preto pobre periférico precarizado deve dar provas constantes de ser bem comportado, honesto, trabalhador, esforçado, enfim e em suma, saber o seu lugar. Desse modo, o pobre torna-se passável. A classe média, não. A classe média é preparada, tem berço, capital cultural e simbólico. Presa em condomínios murados, a classe média horroriza-se com “bandidos soltos” neste Brasil que é o quarto país que mais prende no mundo. Aqui, matar tem mérito (fazer a defesa social, a higiene pública, tirar de circulação), h morrer tem merecimento (a vítima não era inocente, bom sujeito não era, estava envolvido).

BARRACO COM LAÉRCIO MEIRELLES – HISTÓRIAS REAIS DA LUTA PELA TERRA E AGROECOLOGIA
Armamos um barraco com Laércio Meirelles, agrônomo, autor de “Vozes da Agricultura Ecológica” I e II, livro em que narra histórias de pessoas reais na luta pela terra e a relação da agroecologia com os movimentos sociais pela terra. Conversamos sobre a agroecologia a partir de uma abordagem transversal, com implicações sociais, ambientais e éticas, que transcende a mera produção orgânica. Laércio falou sobre o processo de escrita dos livros, que dão voz a famílias de produtores agroecológicos, protagonistas de uma transformação radical e revolucionária no modo de viver, produzir, distribuir e consumir alimentos, respeitando os ciclos da natureza, a terra, os animais e os seres humanos. Abordou o papel fundamental da agroecologia na proposição e viabilidade de um outro mundo possível, mais justo, sustentável e consciente, em que as relações de produção e consumo não estejam sobredeterminadas pela lógica perversa e destrutiva da mercantilização. Refletiu acerca dos impactos do agronegócio no meio ambiente e reportou os desafios da agricultura ecológica diante da atual ofensiva bolsofascista. Acompanhe a íntegra deste Barraco imperdível e indispensável para esclarecer tudo o que você sempre quis saber sobre agroecologia, mas a propaganda opressiva do agro(tecno-pop-tóxico) pretende ocultar.

BARRACO COM NEI LISBOA – MÚSICA AO VIVO!
Armamos uma barraco com o músico gaúcho Nei Lisboa, que para nossa boa surpresa levou os braços pra trás, pegou o violão, tocou e cantou várias músicas das antigas e novas. Foi lindo. Conversamos também sobre música e política, sobre a relação com o seu irmão mais velho, primeiro desaparecido político encontrado no cemitério clandestino de Perus -SP, sobre os problemas da identidade gaúcha assentada na exaltação, sobre sua participação no cinema, filosofamos sobre o conceito de democracia, entre outras tantas coisas. Nei Lisboa fala baixinho, mas pensa alto. Sobretudo na música que fez dele um dos músicos mais amados por uma geração de jovens urbanos, intelectualizados e politizados do Rio Grande do Sul.

02 junho 2021

O FASCISTA DO CORPO MOLE NO BARRAC0 – O SINHOZINHO DA PEÇA MEMÓRIA DA CANA
Marcelo Andrade traz em cena no Barraco a mais perfeita e repulsiva encarnação do senhor de engenho, da peça Memoria da Cana, grupo Os Fofos Encenam, um premiado texto coletivo a partir de Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre e Álbum de Família de Nelson Rodrigues com direção de Newton Moreno estreada em 2008. Comentado por Regina Favre, primeira geração corporalista, depois de Gaiarsa. É filósofa, terapeuta e professora, coordenadora de grupos, pesquisadora do corpo subjetivo no Laboratório do Processo Formativo e autora do livro Do Corpo ao Livro, pela Summus. (08 jun 2021)

BARRACO COM REGINA FAVRE – O FASCISMO DO CORPO MOLE
Armamos um barraco com Regina Favre, filósofa e psicoterapeuta que acabou de lançar seu primeiro livro, intitulado Do corpo ao livro, resultado de anos de clínica e pesquisa livre no Laboratório do processo formativo. Pioneira da segunda geração das psicoterapias corporais no Brasil, Regina foi se afastando da origem neoreichiana e formando um modo de transitar entre o corpo e a esquizoanálise no Brasil. Na conversa surgiu a ideia de Fascismo do Corpo Mole, a memória do sinhozinho e da sinhazinha que hoje se expressa numa impotência da classe média para cuidar do cotidiano e precisa escravizar para ser servida. Gostamos tanto dessa ideia que transformamos no título deste barraco filosófico.

BARRACO COM CARLOS ZARATTINI – DEPUTADO FEDERAL PELO PT-SP
Armamos um barraco com Carlos Zarattini, economista e deputado federal pelo PT de São Paulo. Zarattini conhece a luta política do povo brasileiro desde a família. Seu pai, Ricardo Zarattini, foi preso e torturado na ditadura militar que subiu ao poder com o golpe de 64. Carlos Zarattini foi secretário-geral do sindicato do metroviários, que conquistou melhorias na qualidade do trabalho da categoria. Conversou conosco sobre política em tempos de neofascismo, sobre o sequestro do conceito de família pela extrema direita religiosa, sobre comunicação política em tempos de fakenews e apelo às emoções mais primitivas, sobre a relação do executivo com o judiciário e muito mais.

BARRACO COM LETÍCIA SALLORENZO – A GRAMÁTICA DA MANIPULAÇÃO
Por Tatiana Bianconcini
Letícia Sallorenzo é jornalista e linguista. No livro A Gramática da Manipulação, resultado da sua pesquisa de mestrado, foram analisadas, por critérios linguísticos científicos, um corpus de manchetes que continham os nomes Aécio e/ou Dilma, na cobertura do segundo turno de 2014. Utilizando a sintaxe, a semântica e a pragmática, a pesquisa deixa evidente que a gramática é uma ferramenta usada em manchetes jornalísticas para a manipulação cognitiva do leitor. O que, não coincidentemente, ocorre de acordo com as posições editoriais dos veículos de imprensa.
Nesse Barraco Filosófico, ainda, Letícia Sallorenzo nos conduz, através da Teoria dos Frames, à compreensão de como costumamos errar ao tentar produzir conteúdos críticos nas redes sociais. Em grande parte das vezes em que tentamos produzir tais conteúdos, acabamos apenas reforçando a mensagem à qual pretendíamos fazer uma crítica. Há um método para não incorrermos nesse erro.
Mas o conceito mais contundente cuja tenda cognitiva foi armada nesse Barraco Filosófico é o de MICROTARGETTING, ou como cada um de nós pode ser manipulado individualmente, com o uso de algoritmos. Com a análise do caso da Cambridge Analytica vemos que nunca mais o mundo da comunicação será o mesmo. É preciso entender como funciona esse tipo de comunicação. É preciso compreender que estamos diante de algo que deve ser amplamente discutido pela sociedade (e legalmente regulado).
Não existiria mais espaço para a prática da guerrilha semiológica, então? Existe, mas ela também precisará ser microssegmentada. A guerra comunicacional está sendo travada. Estamos no meio dela. Ou nos situamos no campo de batalha e nos posicionamos melhor, ou seguiremos desorientados. Nossos corpos, atitudes e palavras são as armas de que dispomos para nos defender e resistir

BARRACO COM FLÁVIO BRAGA
Armamos um barraco com Flávio Braga, dramaturgo e escritor, autor de dezenas de livros e peças de teatro, entre os livros o originalíssimo A Cabeça de Hugo Chávez e a coleção erótica Placere. Foi também presidente do Pasquim do RS, nos anos 80, e editor de revistas de quadrinhos no Brasil. Flávio conversou com a gente sobre a cabeça de Hugo Chávez, literatura erótica, quadrinhos, sobre a polêmica história que deu fim ao Pasquim gaúcho, sobre sua parceria com a psicóloga e escritora Regina Navarro Lins, com quem é casado há 20 anos, sobre a direita brasileira encabeçada por Olavo de Carvalho e muito mais em 01h20min de boa conversa.

BARRACO COM ZÉ DIRCEU
Por Alécio Pereira de Sousa:
José Dirceu no Barraco Filosófico. A emoção de estar diante do homem e da História. José Dirceu é a pauta deste Barraco histórico. Um ícone da esquerda latinoamericana na segunda metade do século 20 e início do século 21. Dirceu, o Zé (como pediu para ser tratado), é História em verbo e corpo, em diálogo contínuo com o presente, prospectando um Brasil soberano e justo. Fala sobre sua origem. A chegada a São Paulo. Os primeiros empregos. O engajamento no movimento estudantil. A luta contra a ditadura. “Lutei contra várias ditaduras”, revela. O exílio em Cuba. O retorno ao Brasil e a vida na clandestinidade. A redemocratização. A fundação do Partido dos Trabalhadores. Em sucessivas legislaturas, Dirceu foi deputado estadual e deputado federal. Foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula. Nosso convidado narra as agruras que suportou por ocasião da Ação Penal nº 470, o famigerado processo do mensalão, no qual foi condenado sem provas, sob o pretexto fajuto do “domínio do fato”, aplicado pelo Supremo de forma errada, conforme Claus Roxin, jurista alemão autor da teoria. E, nos dias atuais, a perseguição/caçada a Dirceu prossegue no âmbito da escabrosa operação Lava Jato, desmoralizada pela notória parcialidade e engajamento político de seus agentes, que desferem golpes contra as garantias constitucionais de Dirceu e outros réus, ao condená-los com embasamento probatório rebaixado, principalmente delações premiadas. Todavia, a vida, a palavra e o testemunho de Dirceu segue firme, com a certeza e a tranquilidade daqueles que estão e sempre estiveram no lado certo da História. A Justiça tarda, mas a História galopa. Viva a Luta, Zé!

BARRACO COM DEMETRIUS FRANÇA
Armamos um barraco filosófico com Demétrius França, pesquisador e autor de dois livros sobre a Terapia Peripatética: Terapia Peripatética de Grupo – Considerações e Terapia Peripatetica de grupo – fenomenologia e psicopatologia.
Doutor em psicologia pela USP, é professor e psicólogo. Conversamos sobre psicoterapia fora da caixa branca, sobre movimento antimanicomial, sobre as condições de vida no atual contexto e muitas outras questões importantes.

BARRACO COM AMIEL VIEIRA
Amiel não é apenas um estudioso sobre intersexualidade, mas um homem que aos três meses de idade foi mutilado por médicos para se transformar em uma menina. Veio conversar com a gente sobre sua história, a questão da intersexualidade e seus desafios legais e médicos. Amiel protagoniza um documentário premiado sobre a sua história, o primeiro sobre o tema no Brasil.
Nesse episódio abrimos o microfone pra discutir e conhecer melhor as questões biológicas e culturais que envolvem as pessoas que nascem fora dos padrões de sexo e que, apesar de abranger cerca de 1% da população mundial, ainda é pouquíssimo discutida.
A sigla LGBT parece conter cada vez mais letras e nós não conseguimos acompanhar a fundo a discussão pertinente a cada uma, por mais urgentes que sejam. Por isso, nesse episódio do nosso ciclo de entrevistas, Amiel Vieira, sociólogo, transmasculino e mais recentemente doutorando na UFRJ vem conversar sobre uma das letras nessa sigla: a letra I.
Vem aprender com a gente!

BARRACO COM ALEXANDRE PADILHA – MINISTRO DA SAÚDE DA DILMA
Armamos um barraco com ALEXANDRE PADILHA, que foi Ministro da Saúde do governo Dilma, Ministro das Relações Institucionais do governo Lula e hoje é Deputado Federal por São Paulo (PT). Ele falou sobre pandemia e política, sobre o investimento no caos como interesse político do governo bolsonaro, falou sobre a necessidade constante de estarmos em vigília política, sobre o que é o SUS e sua importância, sobre esperança e muito mais. Barraco filosófico necessário nestes tempos pandêmicos e protofascistas.

BARRACO COM IRENE BERTACHINI – COMPOSITORA E CANTORA PREMIADA
O barraco dessa semana foi com a premiada cantora e compositora Irene Bertachini que falou das suas inspirações musicais, da sua concepção do feminino e da criação do coletivo ANA, primeiro coletivo brasileiro de mulheres compositoras de MPB. Irene falou das parcerias musicais, dos seus cds e dos shows infantis inspirados na obra de Mário Quintana e Manoel de Barros: “Lili canta o mundo” e “Cantigas para acordar o rio”, que exploram o imaginário infantil de forma lúdica, poética e fora da curva da indústria. A cantora contou ainda dos seus projetos e da vivência de quase um ano na Europa.

A LAVAGEM CEREBRAL BOLSOLAVISTA
BARRACO COM JOÃO CÉSAR DE CASTRO ROCHA – ÚLTIMA PARTE
Este é o último vídeo da série do barraco armado com João César de Castro Rocha, autor no livro A guerra cultural e a retórica do ódio, no qual explica como a lavagem cerebral se vale da emissão de mensagens ambíguas que criam uma confusão psíquica cujo equilíbrio será a voz do líder manipulador.

Nº 50 – BARRACO COM MARCELO XAVIER
Armamos um barraco filosófico com o super artista Marcelo Xavier, autor de livros infantis e também para adultos, cenógrafo, carnavalesco (criador do bloco “todo mundo cabe no mundo”, que acolhe diversas pessoas em condições especiais, em Belo Horizonte), figurinista e muito mais, sobre a situação de cadeirante, livros infantis e infância e a vida na atmosfera da arte.

BARRACO COM JOSÉ GENOÍNO
Alécio Pereira de Souza
JOSÉ GENOÍNO no Barraco Filosófico. Genoíno é genuíno. Uma conversa com quem tem muito a dizer e contar. José Genoíno não é apenas testemunha da História. José Genoíno é a História. Documento vivo da Guerrilha do Araguaia. Falou sobre a necessidade de conjugar direito material e direito subjetivo. Lembrou dos tempos de sacristão e do posterior contato com a teologia da libertação. A intensa participação no movimento estudantil pré-Golpe de 1964. A clandestinidade, vivências e convivências na guerrilha. A tortura do corpo e da alma e o massacre de companheiros na maior mobilização do Exército brasileiro após a Segunda Guerra Mundial. Sua luta é a luta dos povos do Brasil. Sangue e poesia. Narrou os bastidores da constituinte de 1987-1988. Os embates épicos com adversários políticos. A inclusão da cláusula geral “na forma da lei” no Texto Magno da República, expressiva, no caso dos conglomerados de mídia, das relações espúrias com o poder. A chegada do Partido dos Trabalhadores ao Planalto. A odienta e opressiva cobertura midiática da Ação Penal nº 470 no Supremo Tribunal Federal. Genoíno está atento e forte. Tem um olho no retrovisor e outro no para-brisa. Transita com desenvoltura entre a filosofia e a política. Analisa as estruturas e opina sobre a conjuntura que ora se desenha com a anulação dos processos da Lava Jato contra Lula, o maior líder popular da História do Brasil. Genoíno é matéria obrigatória. Politicamente intenso, uma pessoa com o pensamento ágil, poroso às forças do mundo. Tem seus referenciais teóricos, mas não vê o mundo com funil. Essa capacidade de estar mesmo à altura do tempo dele e a paixão com que ele fala impactaram muito. Espiritualmente rico. Poeticamente humano. Com a palavra, José Genoíno, guerrilheiro imortal. Viva a luta AMADA, amad@s!

“OLAVO TEM RAZÃO” – a Ágora impossível (2a parte da entrevista com João César de Castro Rocha)
Neste recorte da entrevista que durou duas horas e meia, João César de Castro Rocha, autor do livro “A guerra cultural e a retórica do ódio – crônicas de um Brasil pós político”, fala sobre a colaboração teórica de Olavo de Carvalho para a direita brasileira e sobre como foi se reduzindo ao ódio, cujo português se resume a “vai e toma, vai sabemos para onde e toma sabemos onde”. João também mostra músicas cujo gênero musical ele chama de “Olavo tem razão”, que circulam em ambientes que desconhecemos e colaboram com a criação da ÁGORA IMPOSSÍVEL.

GUERRA CULTURAL: A VITÓRIA IDEOLÓGICA E O FRACASSO DO GOVERNO.

Esta é a 3a parte do barraco que armamos com João César de Castro Rocha, autor do livro Guerra cultural e a retórica do ódio. Esta talvez seja a parte mais importante da entrevista, na qual ele explica como a vitória do sistema de crenças olavista corresponde ao fracasso do governo Bolsonaro. Como exemplo, enquanto o movimento negacionista da pandemia e antivacina venciam, o governo Bolsonaro fracassava no combate à pandemia. Portanto, a vitória ideológica da guerra cultural corresponderá o fracasso da governabilidade, o caos social e o rumo natural do bolsolavismo: o golpe.

COMO CONVERSAR COM BOLSOLAVISTAS
Esta é a 4a parte da entrevista com João César de castro Rocha, autor do livro A guerra cultural e a retórica do ódio, onde ele apresenta uma sugestão de como conversar com bolsolavistas sem cairmos na disputa narrativa enlouquecedora (confusão cognitiva), mas apresentando fatos que desmentem a visão de mundo paranoica, mentirosa e violenta que propagam contra os que consideram o inimigo natural: os “esquerdistas que destruirão o mundo”.

BARRACO COM VIVIANY BELEBONI
Esta edição abre a nova rodada do Barraco Filosófico que receberá entrevistados.. Abrimos a nova rodada armando um barraco com a convidada Viviany Beleboni, artista que ficou conhecida pela performance da crucificação na parada gay em 2015 e, posteriormente, teve os pés lavados pelo padre Júlio Lancelotti e pelo pastor José Barbosa Jr., em apoio contra as ameaças que recebeu. Viviany conta da sua relação com a escola, o trabalho e sobre a sua ressurreição.

BARRACO COM REGINA NAVARRO LINS
Nesta edição armamos um barraco com Regina Navarro Lins, psicóloga e autora de diversos livros a respeito de comportamentos e mentalidades sobre relacionamento amoroso. Conversamos sobre as modificações culturais antes regidas pelo patriarcado e seu controle do corpo das mulheres, entre outras questões como o surgimento de novos valores na regência dos relacionamentos amorosos e familiares.

A JUVENTUDE BOLSOLAVISTA – barraco com João César de Castro Rocha
Armamos um barraco com João César de Castro Rocha que acaba de lançar o esperado livro A guerra cultural e a retórica do ódio – crônicas de um Brasil pós político. A conversa rendeu duas horas e meia e vamos publicá-la em partes. Nesta, ele explica a trama que formou a juventude bolsolavista. Entrevista necessária quando queremos compreender como chegamos neste ponto e como reverter essa situação de caos. Assista esta e os próximos vídeos da mesma entrevista.

EU NÃO TENHO PRECONCEITO
Alécio Pereira de Souza

“Eu não sou contra pobre nem nada, agora eu venho pra Praia do Pepê porque pô eu tô aqui, eu tô junto dos meus pô”.

“Eu não tenho preconceito, mas eu respeito para ser respeitado. Cada coisa no seu lugar”.

“Eu não tenho preconceito, só não venham dizer que é normal, porque tá escrito na Bíblia que Deus fez o homem e a mulher”.

Quanto preconceito vocifera-se pelo discurso que se segue ao dito “eu não tenho preconceito”? A origem etimológica de “preconceito” não dá conta de seu uso atual. Com efeito, preconceito é diferente de pré-conceito. Pré-conceito é algo prévio, que “ainda” não é conceito, é um subproduto da ignorância que aspira conhecer. Preconceito, por sua vez, é uma estrutura fossilizada, reproduzida à exaustão, subproduto de outro tipo de ignorância, aquela ignorância enquanto projeto de sociedade, a ignorância que intercepta o saber. É o que estamos presenciando no atual momento histórico. O preconceito saiu do armário e intenta pautar a cena pública. A luta contra os preconceitos é uma luta pela superação das estruturas iníquas que os disseminam, a sociedade patriarcal e o sistema do capital.

OUVI ISSO: SE VACINAR VIRA JACARÉ
Marina Souza

Ouvi isso: “Quem vacinar contra o Covid vira jacaré”. Esse barraco tem o intuito de dialogar com as pessoas que, por inúmeros motivos, não querem vacinar contra o covid. Levando em consideração que precisamos que 80% da população esteja vacinada para garantir uma imunidade em massa, esse programa vai clarear os mitos sobre a vacinação. Compartilhe esse barraco com aquele seu amigo ou parente que não quer a vacina. Vamos juntos!

OUVI ISSO: APANHEI QUANDO CRIANÇA E NÃO MORRI
Luiza Simões

Neste barraco filosófico apresento esta frase como uma fala traumatizada que reproduz a terrível ideia de que bater em crianças é uma forma de educação. O que está por trás dessa frase tão equivocada? Quais as consequências de colocar a experiência individual “não morri” como única régua para a medida da violência contra crianças a pretexto de educação? Quais as implicações de colocar a morte como o único limite do intolerável do bater em crianças? Pense nisso com a gente.

QUEM LACRA NÃO LUCRA
Diego Gierolett

Ouvi isso: “Quem lacra, não lucra”. Trago essa fala que vi em um jornal de direita, “Jornal da Cidade online” onde faziam uma dura crítica contra dois apresentadores de um programa na “Rádio Gaúcha” de Porto Alegre, que deram opiniões sobre o assalto do ano na cidade de Cricíuma, SC, a favor dos assaltantes, dizendo que os “bancos, sim, é que assaltam as pessoas todos os dias com seus altos juros”. Os patrocinadores retiraram o apoio ao programa logo após o acontecido. Um jornal de direita atribuiu a postura dos apresentadores como “Lacração”, pelo fato de terem perdido patrocinadores ao darem a sua opinião sobre o assunto, usando o dito “Quem lacra, não lucra”. A palavra Lacrou deriva do movimento LGBT, que significa ganhar um debate, uma ideia e deixar a sua marca apenas com lucros morais e filosóficos. No contexto político, a direita entende que a esquerda “lacra” mas não lucra, pois estar certo e “arrasar” não quer dizer “dinheiro no bolso”. E a esquerda entende que lacrar é mais importante do que lucrar.

OUVI ISSO: BRASILEIRO É MENTIROSO
Ana Bueno e Renata Oliveira

Pensamos em como, em vários níveis de práticas sociais e na organização burocrática do Estado, o quanto a nossa palavra é deslegitimada. O quanto no Brasil, por princípio, somos olhados e tratados como mentirosos e a presunção de inocência é sistematicamente violada (tanto mais quanto mais escuro for o tom da pele).
Uma consequência perversa da colonização (deve-se desconfiar dos colonizados em submeter-se) que corrói relações e produz, em nós, marcas subjetivas adoecidas. Nosso inconsciente coletivo colonizado reproduz estruturas que se manifestam de forma palpável nas relações de desconfiança.

MELHOR DO QUE A PALAVRA É O EXEMPLO
Nesta edição, Paula Fehper traz para a conversa uma frase que ouviu de Chorão, músico da banda Charlie Brown Jr: “melhor do que a palavra é o exemplo”. Conversamos sobre o pertencimento da palavra ao contexto que lhe dá sentido, sobre o que se diz e o que se faz, sobre a palavra corpada no tempo na tradição oral e a tendência a universaliza-lá no registro escrito, sobre a relação entre enunciado e percepção, entre outras coisas.

O MIMIMI DOS IMPROPÉRIOS
Chris Oliveira
Proponho armar um barraco sobre esse fenômeno mundial, atual e “memetificado” que é o Mimimi. a militância do politicamente correto buscou corrigir preconceitos comuns na nossa cultura, banindo do debate público ideias, expressões ou comportamentos inadequados, favorecendo aqueles que menos tinham condições de combater o sofrimento a que foram submetidos por anos. No entanto, numa via inesperada, criou uma grande onda de revanchismo, revisionismo e ressentimentos. A proposta é trazer a expressão “mimimi” usada pelo revanchismo e estimular que todos possam pensar no modo como usam a expressão e pensá-la pela perspectiva filosófica.

MEU AVÔ PEGOU MINHA AVÓ NO LAÇO
Apolo França

Ouvi isso. “Meu avô pegou minha avó no laço”. Trago essa fala tendo em vista o fetiche de ter uma herança notadamente brasileira sem levar em conta as questões reais envolvidas nestas relações de poder dos brancos contra os indígenas. Sim um fetiche. Pois ninguém sabe quem foram essas mulheres violentadas e submetidas ao cárcere privado entre outras violências no processo de miscigenação colonial. Fala-se a frase com orgulho e até mesmo romanticamente, algumas vezes. Mas deveríamos ter orgulho de termos coragem para reconhecer e lembrar memória dessa herança de violência mascarada pela romantização do laço, para não repeti-la..

OUVI ISSO: “CADA UM NO SEU QUADRADO”
César Silva
A acelerada individualização do ser humano pela subjetivação neoliberal promoveu essa bela pérola de sabedoria popular que quer dizer, na maior parte das vezes, algo como “cuide da sua vida e me deixe em paz”. Também pode ser uma maneira de garantir que se possa continuar fazendo tudo o que se quer fazer sem que seja preciso dar satisfação disso para ninguém. Então, por trás da máxima “cada um no seu quadrado”, se esconde também, por exemplo, “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, que promove a facilitação do feminicídio e outras manifestações do machismo, assim como de violência contra crianças, adolescentes e o idosos dentro do ambiente familiar. Sem esquecer que, ficando cada qual no seu quadrado, “um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar”, se reforça a falácia das castas sociais. Enquanto o rico sustenta o luxo de seu quadrado dourado, o pobre deve ficar no seu quadrado de pobre.
Na vida em aldeia, como entre os ciganos e os indígenas, por exemplo, todos os quadrados pertencem a todos. Cada um no seu quadrado é sintoma de uma civilização que nega seu caráter coletivo, uma contradição na medida que busca promover a individualidade como fundamento da vida em sociedade.
Afinal, quando deixamos de ser povo e passamos a ser seres tão solitários? É isso mesmo que queremos para as nossas vidas? Essas são questões que trago para armar este Barraco Filosófico.
Concepção: Fernanda Carlos Borges
Design: Paula Fehper
Música: Pedro Maciel
Corte e edição: Fernanda Carlos Borges e Paula Fehper
Barraqueiros desta edição:
César Silva
Fernanda Carlos Borges
Paula Fehper
Renata Oliveira
Luiza Simões
Apolo França
Guilherme Colosio

“SOU FILHA DESSA TERRA”
Renata Oliveira
Ser filha de uma terra aponta para uma forma de relação com o espaço que se habita.
São várias as formas de se relacionar com o espaço habitado. Ser filha, ser dona, ser cidadã, moradora, ser migrante… são formas que possuem, cada uma, suas peculiaridades, afetos, pertencimento.
Habitar relaciona-se a significar e narrar o espaço,
Para que o espaço seja habitável e representável, para que possamos nos situar, nos inscrever nele, ele deve contar histórias, ter toda a espessura simbólica, imaginária. Sem narrativas – nem que seja uma mitologia familiar, umas poucas lembranças – o mundo permaneceria lá como está, indiferenciado; ele não nos seria de nenhuma ajuda para habitar os lugares que vivemos e construir nossa morada interior. (Michele Petit)

Nesse barraco, compartilhamos impressões, questionamentos e experiências sobre nossa relação com os espaços que habitamos.

“COMO SE FOSSE DA FAMÍLIA”
Alécio Pereira de Souza
Um resquício arqueológico do ranço escravocrata da classe média brasileira. Proponho uma análise desse “como-se” sob dupla perspectiva. (1) A crueldade da patroa boa. (2) A bondade da princesa branca. A partir da demonstração de (1) como prolongamento histórico-social de (2), pretendo avançar no desmascaramento dessa “bondade” para dizer que rios de sangue correm nos seus subterrâneos e pugnar por livrar-nos da bondade dos autointitulados cidadãos de bem, pois, no sentido da abordagem que desenvolvo, a bondade praticada no âmbito de um sistema econômico estruturalmente iníquo é capaz de crueldades que a maldade jamais sequer imaginou. Minhas referências são o conto “Pai contra mãe” de Machado de Assis, o filme “Quanto vale ou é por quilo” de Sérgio Bianchi, o texto da Lei Áurea, trecho da reportagem “Empregada como se fosse da família” da TV Câmara, trecho de entrevista da socialite Regina Manssur sobre a PEC das domésticas e, como matriz teórica, o Livro 1 d’O Capital, obra em que Karl Marx desvenda a crueldade suprema oculta sob a aparente bondade do capital, a saber, a extração de plus-valia em espiral ascendente.

O QUE É DINHEIRO
Tatiana Bianconcini
Este barraco foi armado antes de estarmos na Rádio Madalena. Foi criado no processo de preparação interna para a intervenção de conversas filosóficas na rua, antes da pandemia. Tatiana Bianconcini apresenta o que é o conceito de dinheiro e sua evolução na história, especialmente na história moderna e contemporânea, realizado pelo grupo de filosofia em movimento no encontro de 19/05/2019.

ENSINO REMOTO, ESCOLA E PANDEMIA
Natan Bastos
Nesta edição, natan fala um pouco sobre a lei que rege o ensino, as estruturas desiguais que envolvem a educação, os desafios da rotina familiar, e como estão as escolas hoje.
Arma o barraco como base o relatório de estágio em ensino de filosofia no ensino médio realizado no mês de setembro de 2020. Conta com a presença de Raphael, professor da escola pública de São Bernardo do Campo e mestrando em filosofia pela UFABC, que colabora com informações importantes sobre a atual situação da escola.

DO QUEER VOCÊ TEM MEDO?
Marina Cefet
A barra de ser LGBTQIA+ no Brasil. Do discurso de ódio que mata e mina as oportunidades de emprego. A construção de um inimigo imaginário como elo de fortalecimento de algumas igrejas e da política bolsonarista. Do queer você tem medo? Como a teoria queer vê gênero e sexualidade, a desconstrução de um corpo ideal e a busca de corpos plurais e desejantes. Somos todos considerados humanos ou alguns grupos estão fora da festa celebratória da humanidade?

SOBRE A IDEIA DE REVOLUÇÃO
Armamos um barraco com Marcelo Pablito, que é editor do Esquerda Diário e candidato da bancada revolucionária pela candidatura democrática emprestada pelo PSol. Pablito faz parte do MRT, movimento revolucionário dos trabalhadores. Neste barraco, conversamos sobre a organização política dos trabalhadores, sobre como os partidos da esquerda tem se articulado, bem ou mal, na defesa dos trabalhadores, e sobre a ideia e as possibilidades revolucionárias. Vale a pena assistir.

EM DEFESA DA ESCOLA
Luiza Simões

Após sete meses longe das salas (físicas) de aula – mas não longe da escola – os educadores e estudantes estão prestes a voltar a frequentar o espaço escolar. Mas qual é, afinal, a importância e a necessidade desse espaço, se podemos ter aulas on-line? Os barraqueiros se reuniram para discutir por quê a escola deve ser considerada um espaço de luta e porquê devemos tomar para nós esse espaço e não mais deixá-lo cooptar pela lógica industrial-prisional, principalmente num momento em que há uma verdadeira “caça às bruxas” contra a educação, a filosofia e a ciência, mas também contra a infância. Vem defender a escola com a gente!

ENTREVISTA COM LEANDRO PRIOR – POLICIAIS ANTIFASCISMO

Nesta edição do Barraco Filosófico armamos um barraco com Leandro Prior, policial militar que faz parte do movimento dos policiais antifascismo. Hoje, ele participa de uma candidatura coletiva à vereança em São Paulo. O barraco foi tão intenso, que vamos publicar a entrevista em duas partes. Nesta que você verá hoje, ele explica o movimento e como os policiais devem ser guardiões dos Direitos Humanos. Na próxima na semana publicaremos a segunda parte, na qual chutamos o pau da barraca. Aproveite e aguarde!

POLÍCIA ANTIFA E LUTA DE CLASSES
Chutando o pau da barraca caracteriza a segunda parte da entrevista que fizemos com Leandro Prior, uma das lideranças dos policiais antifascismo e candidato a vereador em uma chapa coletiva pelo PT. Nesta parte, o foco está na questão da luta de classes com relação ao movimento dos policiais antifascismo. Imperdível para pensar as relações de poder no Estado burguês.

ESTADO DE FELICIDADE, REVERBERAÇÕES DO PROVÁVEL
Cris Oliveira
Entendendo a felicidade como um valor dos mais instigantes para a humanidade desde o começo dos tempos e que sua busca motivou grandes transformações na maneira como vivemos em comunhão, pensamos como ela nos é apresentada hoje em formato de produto, como uma commoditie reduzida ao status de mercadoria que gera lucro pra poucos e sofrimento pra muitos, paradoxalmente, no seu residual.que é: a ansiedade, o cansaço e a depressão.

Porém, dissociando a “Felicidade” como produto do “Estado de Felicidade” como afeto, este Barraco Filosófico demonstra como a primeira gera situações tensas que comprometem o próprio conceito de Felicidade em-si e o segundo promove situações plenas para um convívio pacífico e agradável, justo e apreciável no seio social, reverberando em possibilidades mais criativas e em encontros mais potentes, das relações humanas.

A infância mitificada e o abandono do criar
Paula Fehper

A gente escolheu acreditar que a criança é divina. Que sua vivência é pura e carece de maldade. Gastamos dinheiro para educa-las, suprir suas necessidades básicas e comprar brinquedos, ao mesmo tempo que abandonamos suas necessidades vicerais de fazer aquilo que não entendemos. Matamos sua pulsão de vida ao trancafia-las em apartamentos e enche-las de brinquedos que brincam sozinhos, ao larga-las em escolas que não produzem sentido e as colocam em cárceres. Deixamos algumas presas no cárcere, outras presas na sala de estar. Fechamos os olhos ao abandono físico, a uma condição de marginalidade e desproteção, a fome de comida e afeto. Junto da criança vem o criar, vem o lúdico, ao abandonar e esquecer essa natureza que nos provoca e nos inquieta, nos causando estranheza também optamos por abandonar a criatividade e a criança que existe em nós, sendo reduzidos a meras peças de um sistema a serviço de outrém.

MODA- A COMUNICAÇÃO VISÍVEL E INVISÍVEL
Apolo França

Friedensreich Hundertwasser artista russo/ austriaco se aventurou na arquitetura e na indumentária. Ele teorizou que o homem tem 5 peles. 1 o epitélio, 2 a roupa, 3 a casa, 4 os amigos a sociedade, 5 o planeta a natureza. Meu interesse recai sobre a segunda e a quarta pele. Pois as duas interagem de uma forma direta e profunda. A roupa que veste o indivíduo e a roupa que veste a sociedade. Helena Katz diz que o homem é cultura e fruto da cultura, mídia (recipiente ) e mídia conteúdo. Canevacci fala da cidade pluricêntrica que não troca a fábrica como epicentro mas aglutina mais centros a sua corporeidade. E do espect-actor, a pessoa que ao caminhar pela cidade produz um enunciado. Nesse lugar, abordo alguns equívocos teóricos sobre moda como o conceito de trickle down e trazer algumas contribuições de Gilda Melo Souza para discussão sobre moda. O cerne da questão é a identidade que construímos ao nos vestirmos. E as reverberações de escolhas subjetivas que funcionam como a comunicação não verbal. Nosso corpo comunica muitas coisas que não estamos necessariamente conscientes. Com o vestir é muito parecido.

2001 – uma odisséia no espaço e o evangelho de Nietzsche para um mundo sem deus

2001, Uma odisseia no espaço (1968), dirigido por Stanley Kubrick (1928-1999) e baseado numa ideia original do escritor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008) é uma das mais perfeitas peças da arte cinematográfica, um filme inteligente e profundamente intrigante, que perturbou e ainda perturba o sono de muitos admiradores da sétima arte. Mas, quais são os mistérios de sua leitura? O que significa o monolito? Por que o filme causa tanta perturbação nos expectadores? O fato é que nunca houve segredo. Kubrick explicitou em sua trilha sonora a referência direta ao livro Assim falou Zaratustra, de 1883, uma das mais importantes obras do filósofo prussiano Friedrich Nietzsche (1844-1900). Este episódio pretende investigar as ligações deste clássico cinematográfico com a obra do filósofo e com a Bíblia Sagrada, e por que podemos afirmar que Assim falou Zaratustra é o evangelho e 2001 é o Apocalipse desse novíssimo testamento para um mundo sem Deus.

NÃO SE FAZ MAIS FASCISTA COMO ANTIGAMENTE
Alécio Souza
Partindo da análise comparativa entre a reunião de Bolsonaro com ministros em 22 de abril de 2020 e a reunião preparatória para o AI-5 na sexta-feira 13 de dezembro de 1964 (Dia dos Cegos), derivaremos considerações sobre a abordagem de assuntos públicos em segredo, o mecanismo de manipulação da linguagem, a abertura (ou não) para vozes discordantes e o papel reservado para o personagem onipresente nos últimos golpes, a crassa classe média. Nosso foco não será o fenômeno fascista historicamente situado na Itália do entreguerras, mas o que Umberto Eco chama fascismo eterno e nós chamaremos fascismo nosso de cada dia, a saber, o fascismo difuso no tecido social e reproduzido de modo às vezes inadvertido em práticas cotidianas. E o que isso tudo tem a ver com a Guerra do Peloponeso (Atenas e Esparta), há 2400 anos? Saiba neste Barraco Filosófico, especialmente preparado para lançar um pouco de luz sobre a longa noite do Brasil

Direito à Cidade e à Felicidade
Por Ana Bueno

Para se alcançar o Direito à Cidade e à tal Felicidade é preciso antes entender o que é cidade. Vários são os conceitos dados por autores e por entendimento de cada cidadão, mas em síntese aqui podemos dizer que é palco da história, desde a cidade-estado grega (ou pólis), da organização socioespacial e político-econômica ou apenas o lócus da reprodução social e da primeira divisão social do trabalho, entre campo e cidade.
Na evolução histórica e tecnológica do trabalho a cidade também foi se transformando social e fisicamente. Ao longo do século XX, a urbanização foi dando nova forma à cidade, tornando-a ao mesmo tempo produto e sentido da industrialização. Para Henri Léfèbvre (1901-1991), filósofo urbanista francês que escreveu O Direito à Cidade e A Revolução Urbana, entre outros livros, a cidade industrial passou a “prisão do espaço-tempo”, devido ao controle do tempo social, como o tempo do deslocamento diário casa-trabalho-casa que impõe ao trabalhador uma dura jornada de horas em transportes coletivos em precárias condições, limitando sua liberdade para desfrutar de outros afazeres. Para ele, o habitar é essencial, é prioridade e é revolucionário, pois é resistência ao modelo de segregações do capital – que transforma os direitos ao transporte, à educação, à cultura, por exemplo, em mercadoria.
Nas cidades modernas, controladas pelo sistema capitalista, “necessidades” se forjaram num culto à satisfação efêmera como essencial da sociedade. Entretanto, a cidade é tratada como objeto gerador de lucro para uma determinada elite e não para toda a sociedade, segundo o sociólogo norte-americano Harvey Molotch.
E eis que as crises na qualidade de vida na cidade foram sendo sentidas pelos cidadãos, que passaram a lutar contra as segregações sociais e espaciais, as violências, a disparidade nas relações centro-periferia, etc.; e passaram a reivindicar melhores condições de vida, conforme direitos estabelecidos pelos Estados.
Para o geógrafo inglês David Harvey, em Cidades Rebeldes (2014), “a questão do tipo de cidade que queremos não pode ser separada da questão do tipo de pessoas que queremos ser, que tipos de relações sociais buscamos, que relações com a natureza nos satisfazem mais, que estilo de vida desejamos levar, quais são nossos valores estéticos. O direito à cidade é […] é um direito de mudar e reinventar a cidade mais de acordo com nossos mais profundos desejos. Além disso, é um direito mais coletivo que individual, uma vez que reinventar a cidade depende inevitavelmente do exercício de um poder coletivo sobre o processo de urbanização” (2014, p. 28);
Assim segue a humanidade em sua busca contínua por seu bem-estar e felicidade, a partir do lócus da cidade segue em sociedade na luta para que direitos sociais não sejam mercadoria e privilégio de poucos.

A ESPERA DO RETORNO DA NORMALIDADE
Alécio Pereira de Souza
A normalidade é o Godot dos tempos de pandemia do novo coronavírus. Vladimir e Estragon reaparecem agora na quarentena, à espera daquela que, no final, manda avisar que não vem: a normalidade. Uma abordagem inspirada em Esperando Godot, de Samuel Beckett, onde importa menos saber quem é Godot e mais refletir sobre a espera em si. Uma espera tóxica à medida da toxicidade de seu objeto: o retorno à uma normalidade acachapante, solapadora do humano e insustentável ecologicamente. Enquanto nada acontece, tomados pela sensação do NOTHING TO BE DONE, a maior ameaça é justamente o que esperamos após tudo-passar: o retorno da normalidade funcional ao sistema de produção capitalista

ENSINANDO A TRANSGREDIR – NEGRITUDE
Analu Coutinho
Neste barraco comentaremos o livro de bell hooks Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade, no qual a autora faz uma belíssima análise da pedagogia crítica e engajada muito influenciada por Paulo Freire. Temas como a auto atualizacão dos professores, o mito da cisão mente/corpo, a separação dualista entre público e privado, o apartheid vivido pela própria autora nos EUA e, principalmente, como a supremacia branca, o imperialismo, sexismo e racismo atravessam a educação bancária e como passar dela à uma educação multicultural, são temas que transpassam todo o livro.
Músicas: Pseudosocial – Froid
Pedagoginga – Thiago Elnino

BOAS VINDAS AOS QUE CHEGAM – MÃES E BEBÊS NASCIDOS NA QUARENTENA
Renata Oliveira
Tenho conversado com mães grávidas ou que tiveram filhos na quarentena a respeito de Como dar as boas vindas aos que chegam agora. O Mario Rosa cria um texto a partir da seleção de fragmentos dessas conversas, e um ilustrador parceiro cria uma imagem.
São as mães, hoje, que estão vivendo a incumbência de cuidar do que vem, recebendo as novas vidas que chegam em meio a um contexto de tanta perplexidade. Se nesse momento da pandemia é importante reverenciar nossos mortos, é importante também que nos lembremos de que fazer o luto é liberar a vida para que ela possa acontecer, em toda sua potência, vibrante, exuberante e farta. Apesar de. Sempre é apesar de.
Dar boas vindas aos que chegam é necessário para nos colocarmos à altura da vida que, apesar de, insiste em viver e se renovar.

MASCULINIDADES RESSIGNIFICADAS E O MITO DE LOGUNEDÉ
Apolo França
Para transitar entre o masculino e o feminino é preciso trocar de pele, e ocupar o lugar do outro. Experimentado do prazer e da dor que é estar nesse lugar. Desconstruir dualidades e chegar a um lugar de mais liberdade e vida.

ISOLAMENTO SOCIAL E SOCIEDADE DE CONTROLE
Luíza Simões
As tecnologias presentes em nossa rotina, de câmeras de segurança nos elevadores a assistentes de voz nas casas, detém cada vez mais nossos dados, nossas preferências, nossos hábitos. Tudo isso alimenta o Big Data que quanto mais nos conhece, mais nos domina – e essa dominação não só está em constante ascensão como também tem sido acentuada e legitimada durante a pandemia.

Nesse episódio, discutimos a ideia de sociedade de controle a partir de Gilles Deleuze e analisamos como a necessidade de isolamento social tem acelerado a transição inevitável de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle, e como o direito à privacidade surge como uma bandeira que precisamos levantar com urgência.

O que ler e assistir para entrar no clima:
– Texto base: “Post Scriptum sobre as sociedades de controle”, Gilles Deleuze
– Artigos: “The world after coronavirus”, Yuval Harari; “O coronavírus de hoje e o mundo de amanhã”, Byung-Chul Han
– Livro: “Admirável Mundo Novo”, Aldous Huxley
– Doc: “Privacidade Hackeada”, Karim Amer

A Sabedoria no mito de Salomão e Rainha de Sabá
Sandra Barbosa

Uma das grandes ferramentas de poder que temos é a palavra. Reconhecendo isso, se é “sabedoria” que desejo, é esta palavra que tem que habitar nosso repertório verbal, é esta palavra que tem que se fazer parte do nosso cotidiano.
Para Freud, um tratamento psíquico da alma, só é possível por meio das palavras. A palavra tem ação e poder nas relações com as matérias, nenhum de nós escapamos do poder mágico delas, de seu efeito hipnótico.
A palavra “Sabedoria” traz na mente dois mitos que permeiam a história e em diferentes religiões: Salomão e Rainha de Sabá.
O mito é o lugar pra onde se olha, o norte de gerações e gerações, memória oral que guia nossa realidade, inspira modelo de comportamento da ordem social, que contém realidades psicológicas profundas, significados que servem como exemplo para os dias atuais. É preciso contar a história, precisamos conhecer velhas e novas histórias.
“O mito, portanto, é ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é ao contrário, uma realidade viva” (ELIADE, 2007, p.23).
Para Freud, os mitos configuram-se como uma expressão simbólica dos sentimentos e das atitudes inconscientes de um povo, correspondendo aos sonhos na vida do indivíduo.
Aristóteles concebe a sabedoria com base de virtudes em prática constante. Não nascemos com virtudes, mas conseguimos alcançar através do hábito.
Sabedoria não é apenas um desejo individual, mas uma necessidade para conseguirmos unir e ressignificar a sociedade.

Leituras:
Kebrat Negast (Glória dos Reis) – livro sagrado etíope
Revista África – Artigo de Mariana Bracks Fonseca – HISTÓRIA DA ÁFRICA PRÉ-COLONIAL- A Rainha de Sabá: entre o matriarcado e o monoteísmo ;
Matéria na BBC “Coronavírus: por que países liderados por mulheres se destacam no combate à pandemia?” 22.04.20 (bbc.com);
Os Panteras Negras Israelenses – Pop-Se (Por Rafael Kruchin)
HISTÓRIA DA ÁFRICA PRÉ-COLONIAL – Mariana Bracks Fonseca – Quem são os falashas os judeus da etiópia – O Globo
Bíblia Cristã – Reis, Crônicas (Provérbios, Cânticos, Eclesiastes, Mateus, Lucas);

Filmes:
Um Herói do Nosso Tempo
Missão no Mar Vermelho

Indicação de Página no Facebook:
Fala das Pretas

O Barraco Tropicália – Rupturas Estéticas e Políticas
Chris Oliveira

Esta conversa buscou reconhecer o capital simbólico proposto pelo coletivo de artistas que, no final dos anos 60, pegando carona nos movimentos contraculturais que eclodiam no mundo, propôs uma nova produção artística, estética, cultural, conceitual radical e contestadora dos padrões vigentes, paradoxalmente, reconhecendo-os e os atualizando em exposições híbridas que confundiam a censura com a indiferença, apesar de importunar o regime com a rebeldia; atraía a atenção do público pela eloquência, apesar da resistência das proposições; era ao mesmo tempo uma confrontação tamanha e uma “força estranha” num produto bem acabado que se negava ser comercial, que era lucrativo mesmo não sendo proposital. Essas qualidades, diametralmente opostas, colocadas lado-a-lado, surtia um efeito de comparação e se sobrepostas gerava um efeitos de comoção tendo um papel primordial e influenciando tudo e todos desde então. Reverberou em outros campos das estruturas em formas muito íntimas pela redenção ou em modos muito próspero pela rejeição dos agentes sociais da política, da intelectualidade, da comunicação ou da produção acadêmica com sua proficuidade de percepções, o debate público inflamado e/ou o poder de condensação das maiores incertezas numa análise crítica autoral daquele período.

COLAPSO SOCIAL, SUICÍDIO E SOLIDARIEDADE
Chris Oliveira
Nesta edição conversamos sobre os conceitos de colapso social, suicídio em solidariedade em Durkheim, tendo em vista os tempos de pandemia. Esta conversa, ao contrário das outras, foi gravada em março, quando ainda não estávamos com o programa na Rádio Madalena. Publicamos na rádio agora não apenas por causa da relevância, mas também porque tivemos problemas técnicos com a gravação desta semana.

MICROBIOMA: IMAGENS, IMAGINAÇÃO E MUNDOS POSSÍVEIS
Renata Oliveira

Imagens para pensar um outro mundo desde aqui/agora

Como imaginar o mundo porvir? Como não sucumbir a pautas conservadoras e odiosas, não permitir o predomínio da reatividade sobre o pensamento? De onde vamos buscar repertório pra imaginar outro mundo?

Outro mundo não como fuga, mas como potência. Porque o possível é mais uma força em jogo no agora, ele altera as composições de força do presente. Então, para pensar o mundo porvir trata-se exatamente de instaurar outras correlações de força a partir de outros possíveis. Outro mundo desde agora, ou o porvir desse mundo.

E tenho pensado, então, nas imagens como potência de pensamento. Imagem-máquina, máquina de imaginar que torna visível, que multiplica o real.

Dentre as possibilidades dessas imagens-máquina de imaginar propus, para essa conversa, que pensássemos sobre o microbioma humano e os campos de força que essa imagem ativa.

O Projeto Microbioma Humano, foi uma pesquisa realizada através de Consórcio Internacional de Pesquisadores, cuja função foi mapear o genoma da flora humana em distintas populações. Descobriu-se que cada espaço denominado corpo humano é, na verdade, um ecossistema constituído não apenas de elementos propriamente humanos, mas também de organismos não humanos essenciais para a saúde. Nessa composição, o número de células não humanas é pelo menos dez vezes maior do que as humanas, e o número de genes não humanos em nós é pelo menos 150 vezes maior que o número de genes humanos. (Zhu, Wang e Li 2010). Ou seja, o homem, enquanto indivíduo, não existe. Existe nós. As respostas sobre o humano estão inextrincavelmente relacionadas às interações interespécies.

Como microbioma, pensamos o corpo a partir de uma metáfora ecológica, ecossistema complexo que nos obriga a ser “nós” com vírus, bactérias, fungos e protozoários. Somos a coexistência de seres vivos nisso a que se confere o status de eu, ou de pessoa, e isso tem implicações subjetivas e éticas.

A consciência e experimentação de práticas materiais entre espécies, mundos-em-relação, nos chama à responsabilidade e necessidade de reeducar o afeto e as sensibilidades para o “cultivo da capacidade de sentir e pensar com outros seres mortais, não apenas sobre ele”.

COMO ESVAZIAR UM XINGAMENTO
Carlos Biaggioli

A pergunta que lançada nesse Barraco Filosófico é bem essa: como esvaziar um xingamento? Como sacar, para desmontar, a bandeira que está sendo empunhada (feito baioneta) por quem xinga? O que é que está por trás da grosseria, da ofensa, da agressão? O papo tá muito rico!!! E vc tá convidado… Vem! E trás os amigues…

A PRÁTICA FILOSÓFICA E A PRÁXIS REVOLUCIONÁRIA
Analu Coutinho
O barraco filosófico de hoje consiste na análise de como a práxis filosófica pode contribuir com as práticas revolucionárias, isto é, de emancipação da sociedade. Veremos alguns pontos de vista de textos filosóficos e não-filosóficos bem como algumas músicas que nos ajudem a pensar nas amarras da plenitude de uma sociedade contaminada pelo capitalismo, racismo estrutural, patriarcado e etc.

A EDUCAÇÃO NA CORDA BAMBA
Luan Dias

A educação é transformadora e pode mudar vidas. Entretanto, a prática educacional atual acaba por afastar os alunos da escola, pois coloca o aluno como passivo no processo de ensino.
Assim, discutiremos:
-A importância do aluno ser ativo no processo educacional.
-Uma formação que quebre a “velha decoreba” e faça o ensino mais divertido.
-Um ensino que se preocupa com a formação para a vida do estudante (não apenas para passar no vestibular ou no mercado de trabalho).

Referências Bibliográficas:

– O que é o esclarecimento? Imannuel Kant
– ADORNO, Theodor W, (2003). “Educação após Auschwitz”. In: Educação e Emancipação.

Referências extras:

Série: Merlí (3 temporadas)
Filmes: Escritores da liberdade, Sociedade dos Poetas mortos e Capitão Fantástico.
Música: “Estudo errado”- Gabriel, o Pensador.

Antropoceno ou Capitaloceno? Nomeie o sistema!

Tatiana Bianconccini

Vamos ouvir a música Ogodô Ano 2000 de Tom Zé.

O que é uma época geológica? Como o termo Antropoceno, criado nos anos 1970, para nomear a nova época geológica que sucede o Holoceno, se transformou em outro conceito, a partir dos anos 2000? Uma coisa é o conceito de Antropoceno Geológico, outra é o conceito atual, que vem sendo chamado de Antropoceno Popular. Qual a DISSONÂNCIA COGNITIVA gerada a partir do conceito de Antropoceno Popular?

CAPITALOCENO, termo criado pelo premiado historiador ambiental e geógrafo histórico, Jason W. Moore, que também leciona Sociologia em Binghamton, a Universidade Estadual de NY, diz que o termo é uma PROVOCAÇÃO CRÍTICA à sensibilidade do Antropoceno. É uma chave conceitual para repensar o capitalismo como um todo, uma saída GEOPOÉTICA para fazer frente à popularidade alcançada pelo ANTROPOCENO POPULAR.

Existe uma FALSIFICAÇÃO no pensamento antropocênico. A mesma do Malthusianismo. O pensamento antropocênico e o pensamento verde, em geral, geram uma dissociação. Existe um desconforto não identificado e esse desconforto é a DISSONÂNCIA COGNITIVA que todos sentem. É um mal estar velado, sobre o qual todos acabam evitando falar, mas ele existe.

Aílton Krenak, recentemente, em entrevista ao jornal Correio 24h, na Bahia, chocou as redes sociais com o título dessa entrevista “Vida sustentável é vaidade pessoal”. Especialista em provocações conceituais também, tal qual Jason Moore, é assim que Krenak define o título de seu livro de 2019: Ideias para Adiar o Fim do Mundo. E ele também chega às mesmas conclusões de que há uma FALSIFICAÇÃO por trás do pensamento verde dominante. Essa falsificação é promovida pelo Capitalismo.

A crise ambiental EXISTE. É uma realidade INEXORÁVEL, como observou o jornalista Matt Simon, que entrevistou Jason Moore para a revista Wired em outubro de 2019, se dirigindo ao leitor: “Você e eu temos a infeliz honra de enfrentar uma crise que a nossa espécie nunca havia visto antes”.

Vamos assistir ao trailer do filme O Dia Depois de Amanhã, dirigido por Roland Emmerich, em 2004, e vamos refletir sobre o que aconteceu desde que se registrou 20 graus na Antártica, no último mês. Realidade ampliada?

O que é o fim do mundo? Todo dia não é o fim de algum mundo? Qual o medo de desapegarmos “deste” mundo, cujo fim vamos assistir? Qual o medo da queda, como nomeia Krenak esse medo? Compreender que não se tem a culpa que se carrega, não ajuda nesse desapego? Não é se livrar de um “encosto”, na concepção da Filosofia do Jeito?

Vamos ouvir a música do filme Gilda, com Rita Hayworth, “Put the blame on Mame”! Mame é uma ‘mulher fatal’ a quem se atribui a culpa por todos os crimes, tragédias e catástrofes imagináveis.

Livros:

MOORE, Jason W. 2017. Capitalocene or Antropocene? Ombre Corte.

KRENAK, Aílton. 2019. Ideias para Adiar o Fim do Mundo. CIA das Letras.

BORGES, Fernanda Carlos. 2006. A Filosofia do Jeito. Summus Editorial.

Entrevistas:

https://www.wired.com/story/capitalocene/

https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/vida-sustentavel-e-vaidade-pessoal-diz-ailton-krenak/

Artigos:

https://jasonwmoore.wordpress.com/tag/capitalocene/

https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03066150.2016.1235036

Trailer do Filme:

Música e letra traduzida:

https://m.letras.mus.br/rita-hayworth/964116/traducao.html#

Música e letra:

https://m.letras.mus.br/tom-ze/338221/

Material de apoio sobre o filme Gilda:

http://screenprism.com/insights/article/in-gilda-what-is-the-significance-of-the-put-the-blame-on-mame-number

Sobre Jason W. Moore:

https://jasonwmoore.com

Uma filosofia para o fim do mundo
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O conceito de fim do mundo está presente em praticamente todas as culturas. Na maior parte delas, implica num fim imprevisível, violento e absoluto. Algumas até acenam com uma existência posterior radicalmente diferente, mas apenas para certa parcela da população, o que deixa todos um tanto assustados com a possibilidade de um fim abrupto e definitivo de suas vidas. Mas será que o fim do mundo é tudo isso mesmo? Nestes tempos de crise contínua, é importante construir uma filosofia para o fim do mundo, porque é possível que ele até já tenha acabado…

MINIMALISMO EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL
Menos é mais.
O período de quarenta por conta do Corona Vírus tem sido oportunidade para autoreflexões profundas. Eu possuo as coisas ou elas me possuem? As roupas, apetrechos e outros caprichos que consumia em meu cotidiado deixaram de existir ou seguem guardados há algumas semanas, e para a minha surpresa, não sinto falta deles.

O que podemos descobrir sobre nós mesmos em um momento que somos obrigados a parar e esperar?

https://drive.google.com/file/d/1jmf3W3lf-o_l-HPTEkqLVVeSrP-6Bx3E/view?usp=drive_link

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COMO CONSTRUIR UMA OPINIÃO INTELIGENTE
Um dos principais benefícios da democracia é a liberdade de expressão. Todo indivíduo é livre para emitir sua opinião. Mas isso significa que todas as opiniões são equivalentes? Notamos constantemente nos debates políticos acusações de estupidez e elogios à inteligência. Nesse contexto “inteligente” equivale a ” eu concordo com isto” e “idiota” é o mesmo que ” eu não gosto que isto seja dito”. Como podemos fazer uma distinção mais honesta, com critérios, entre opiniões superficiais e juízos racionais bem formulados?

Paula Fehper

Nomadismo e sedentarismo: o sedentarismo como arma neo liberal de isolamento.

Na história da humanidade foi possível entender dois tipos de movimentação humana em torno do espaço: o sedentarismo e o nomadismo. O nomadismo confere o aspecto simbólico de transformação e autonomia, enquanto o sedentário traz a segurança. Eles se estabelecem em uma balança promovendo equilibrio a humanidade. Quando a balança desequilibra coisas horríveis podem acontecer e essa é a história do porque temos medo de sair de casa.